quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Livro de cabeçeira...


Louise Bourgeouis

Destruição do pai.

Reconstrução do pai.

Escritos e entrevistas 1923-1997.

(editora CosacNaify)


Fragmentos:


1- Meu trabalho inicial é o medo de cair. Depois se tornou a arte de cair. Como cair sem se machucar. Mais tarde é a arte de se manter no ar.


2- A espiral é a tentativa de controlar o caos. Tem duas direções. Onde você se coloca, na periferia ou no vórtice? Começar pelo lado externo é o medo de perder o controle; as voltas são um aperto, um recuo, uma compactação até o ponto do desaparecimento. Começar pelo centro é afirmação, o movimento para fora é a representação de dar, de abandonar o controle, da energia positiva, a própria vida.


3- O tema da dor é meu campo de trabalho. Dar significado e forma à frustração e ao sofrimento. O que acontece com meu corpo tem de receber uma forma abstrata formal. Então, pode-se dizer que a dor é o preço pago pela libertação do formalismo.


4- Sou uma pessoa do tipo que se vicia, e a única maneira de se deter um vício é se viciar em outra coisa, algo menos prejudicial.


5- Não tenho nenhuma esperança, nenhuma força, nenhum poder, nenhum interesse, nada, não tenho nada, não possuo nada, nem tempo, nem pensamentos, nem esperanças, nem emoções, nem desejo, nem necessidades, nem opiniões, nem planos para o futuro, nem reinvidicações, queixas, não tenho. Nada a dizer, nada com que me excitar, nada a explicar, nada a provar, nada a pedir, nada a defender, nada a vender, nada a mostrar, nada a esconder, nada a espiar, nada a imaginar, nada a conservar, nada a guardar, nada a liberar, nada a antecipar, nada a perder e nada a ganhar. Nada para ser enigmática, bancar a misteriosa, a sedutora, a santa do pau oco, a namorada secreta. Não tenho nada que criticar, que julgar, que me envolver, nada para desistir ou desesperar, nada a juntar, a colecionar, nada a lembrar, nada a querer, nada a aprender, a duvidar, nada a esperar, portanto: nada a lamentar, portanto: nada a temer. O medo não existe.
Aniversário de Louise Bourgeois, dia 03 de janeiro de 2007 por Jonas Mekas, ícone do cinema undreground..

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